Cresce no Brasil a oferta de prédios exclusivos para idosos

Fonte: Estadão

Artigo de Breno Damascena, publicado no "O Estado de São Paulo" em  julho de 2025 

Acompanhando a alta da expectativa de vida dos brasileiros, incorporadoras começam a desenvolver projetos exclusivos para idosos. Com a oferta de serviços específicos e adaptações na arquitetura, esses empreendimentos se espalham pelo País para atender a demanda de um público de alta renda e movimentar cifras milionárias. 

Em Palhoça, região metropolitana de Florianópolis, o LOMA Pedra Branca by DOM Senior Living terá 110 unidades entre 35 e 90 m², exclusivas para pessoas com mais de 60 anos. O prédio é resultado de uma parceria entre a incorporadora Hurbana e a DOM Senior Living, empresa de gestão de residências sênior de alto padrão. 

Com investimento inicial de R$ 70 milhões, o residencial tem entrega prevista para 2026 e os diferenciais vão além da infraestrutura com academia, spa, piscina térmica e restaurante. “O empreendimento precisa olhar para a esfera biossocial dos inquilinos”, diz Renata Stringhini, CEO e fundadora da DOM Senior Living. 

Ao se mudar, o morador passa por uma avaliação e se integra ao programa de longevidade desenvolvido por médico, fisioterapeuta, psicólogo e terapeuta ocupacional. O LOMA conta, ainda, com serviços de home care, sistema de administração de medicamentos, ambientes monitorados com sensores, ambulatório e equipe de saúde. O pacote básico, que inclui o aluguel do apartamento de 30 m², o condomínio e os serviços, começa em R$ 11.900. 

Em São Paulo, a Housi e a Vitacon fizeram uma parceria para o lançamento de um residencial para idosos em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo. O Sênior Living by Housi tem 400 unidades de 27 m² a 85 m² e um VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 400 milhões. O custo inicial do pacote com aluguel e condomínio deve ser de cerca de R$ 10 mil. O preço médio das unidades menores para venda está avaliado em cerca de R$ 1 milhão. Outros dois projetos já estão em desenvolvimento para 2026, nos bairros de Perdizes e Jardins. 

ECONOMIA PRATEADA

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil já é a sexta nação com mais idosos no mundo. Dados do Censo revelam que, de 2010 a 2022, o número de brasileiros com 60 anos ou mais saltou 52%, para aproximadamente 33 milhões. 

Atualmente, a expectativa de vida do brasileiro é de 75,5 anos. A projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que, daqui a 45 anos, os idosos sejam mais de 35% da população. 

Na esteira da mudança na pirâmide etária, a chamada “economia prateada” tenta combater um sentimento comum aos idosos: a solidão. “É um problema ainda mais acentuado em grandes metrópoles, onde as pessoas têm dificuldades para sair de casa”, diz Martin Henkel, CEO da consultoria SeniorLab. 

“Nesses novos empreendimentos, existe uma grande preocupação em estimular a independência”, comenta. “São pessoas que, ao envelhecer, preferem morar nestes residenciais do que viver com os filhos, por exemplo.” Henkel aponta que os preços variam conforme o nível de dependência dos idosos e a importância dos serviços assistenciais a sua rotina.

“O preço do aluguel em uma moradia sênior começa em R$ 5 mil e pode chegar a até R$ 30 mil por mês, a depender dos serviços contratados”, diz.

ARQUITETURA

Enquanto casas de repouso tradicionalmente são instalados em casas adaptadas, estes empreendimentos já são construídos com adaptações para esse público. Entre elas, estão rampas para cadeiras de rodas, salas para equipamentos de saúde e equipe médica, corredores mais largos, banheiros maiores, ajustes na altura das prateleiras e espaços para encontros. 

A arquiteta Flávia Ranieri afirma que os cuidados vão desde a curadoria de mobiliário seguro e confortável até a sinalizações de alta legibilidade, iluminação noturna pensada para evitar quedas, entre outros. “Hortas, varandas com jardineiras, salas de leitura, áreas silenciosas para contemplação e ambientes para receber amigos e familiares fazem parte da proposta”, sugere. 

Por outro lado, é importante que os projetos incentivem o movimento. O consultor Caio Calfat afirma que é preciso criar alternativas para o residente se manter ativo. “O quarto deprime. Quanto mais atividades este idoso tiver para fazer fora do seu quarto, melhor.” 

Calfat participa do desenvolvimento da linha sênior da incorporadora ABF Developments em Porto Alegre. Lançado em 2020, o Magno Três Figueiras se apresenta como primeiro residencial sênior living do Brasil e está em operação desde abril de 2025. “É um produto novo. O arquiteto, o incorporador e os compradores ainda precisam se adaptar.”

O segundo empreendimento da linha está sendo construído no bairro Moinhos de Vento, também na capital gaúcha, com previsão de entrega para o segundo semestre de 2026. “É um mercado imenso e cada vez mais empresas se interessam pelo setor.”


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