Novas tecnologias: para jovens ou idosos?

O passar dos anos torna a saúde mais sensível e as expectativas de longevidade menos duradouras.
Com o avanço da medicina a população tende a viver mais, porém, nas classes sociais mais altas, este declínio tem seu início protelado.


Antigamente, os mais velhos passavam esta fase final da vida cada vez mais dependentes em casa, aos cuidados dos parentes. Nas últimas décadas, este quadro tem se alterado, quando possível, o cuidado com o idoso foi terceirizado por cuidadores profissionais ou internação em lares de repouso. Mas a população idosa mudou, já não quer viver em instituições ou ter sua individualidade reduzida entre cuidadores. Hoje o idoso busca envelhecer em sua própria casa, e para isso tem sido ávido consumidor de tecnologia.

Continuar morando em sua casa é uma opção que pode ter muitos riscos. A casa deve ser preparada para esta nova fase da vida, para não se tornar uma grande armadilha.

A tecnologia se torna um item fundamental para esta mudança de comportamento pois:

- auxilia na melhora da qualidade de vida dos idosos permitindo manter sua independência por mais tempo em sua própria casa;

- pode trazer tranquilidade àqueles que cuidam a distância de seus familiares;

- pode reduzir os gastos governamentais ou dos planos de saúde com intervenções tardias, orientando tratamentos preventivos;
Grande parte desta tecnologia já existe, mas a incerteza de quem deverá pagar esta conta desencoraja os investidores de buscar novas idéias e investir nos projetos já desenvolvidos.

Curiosamente, a mesma tecnologia que tem sido desenvolvida para os jovens, tem mostrado grande potencial para melhorar a vida dos idosos.

Uma versão básica de casa inteligente, dotada de alguns sensores interligados a uma central conectada à internet, pode ser a residência perfeita para um idoso. Seus filhos, podem acompanhar sua rotina à distância, utilizando um aplicativo que avisa se houve alguma alteração drástica em seus hábitos, podendo indicar que ele precisa de ajuda. Desta forma, o idoso se sente mais seguro, sem a invasão de câmeras de vigilância.

Estes simples sistemas instalados podem fazer grande diferença para o crescente número de idosos que vivem sozinhos e desejam permanecer em suas residências. Exemplificando, os sensores podem detectar o aumento de visitas ao banheiro, indicando uma possível infecção urinária ou uma mudança no caminhar, que pode prever uma queda e possível fratura seguida de hospitalização. Ao escolher o tipo de informação a ser colhida, o sistema pode alertar o próprio idoso ou seus familiares a necessidade de uma visita ao médico.

Até agora, a maioria dos idosos que experimentaram estas aplicações em suas casas usam apenas as ferramentas básicas: sensores distribuídos nos ambientes ou monitores de pulso. Mas outras soluções podem ser inseridas, como o dispenser de remédios que só libera o medicamento no horário pré-determinado e informa sobre esquecimentos, um fogão que se desliga ao detectar risco de incêndio, entre outros. Enquanto isso, estes dados são processados e extraem informações que podem ser úteis aos cuidadores mesmo que remotamente.

A maior parte da tecnologia necessária para fazer tudo isso já existe, pelo menos sob a forma de protótipo. Na Holanda, cinco seguradoras começaram a reembolsar os usuários de sensores inteligentes e a empresa responsável está em negociações com outros, incluindo o Ministério da Saúde.

Um dos motivos de otimismo destas empresas é que os custos estão diminuindo.

O assistente digital controlado por voz da Amazon, responde a perguntas, lê notícias, pode controlar outros dispositivos inteligentes, como luzes, termostatos e equipamentos de TV, e ainda controla o acesso, permitindo a abertura ou bloqueio de portas remotamente. Este aparelho, por exemplo, foi desenvolvido tendo o público jovem como objetivo, mas poderia ser muito mais útil para os idosos.

O Facebook que foi desenvolvido para ser utilizado entre os jovens para que se sociabilizassem, chega aos lares dos idosos como ferramenta de interação. Nos EUA, mais de um terço da população com mais de 65 anos usa redes sociais e na Europa as tendências são semelhantes.
  
Soluções inovadoras    
                                                
Outra ótima oportunidade são os serviços sob demanda. Todo tipo de serviço que pode ser solicitado através do smartphone tende a crescer.

A população entre 50 e 60 anos já está familiarizada com estes serviços e a medida que os anos passam, só tendem a utilizar mais. Estes serviços não só facilitam a permanência das pessoas idosas em suas casas, mas também fornecem trabalho para os mais jovens que procuram uma atividade remunerada.

A demanda por esse tipo de tecnologia só aumentará à medida que as populações envelhecem, mas, a menos que mecanismos de financiamento possam ser encontrados, ele estará disponível apenas para aqueles que podem pagar por isso, aumentando a desigualdade. No futuro, os médicos poderão prescrever serviços baseados em tecnologia preventiva, assim como eles hoje prescrevem medicação. O governo pode ter um papel nisso, mas um dos principais setores interessados serão as companhias de seguros: elas também têm muito a ganhar com a prevenção.

Mas, enquanto o governo e as seguradoras não se decidirem, empreendedores atentos e empresas de telecomunicações já podem aproveitar excelentes oportunidades.


Artigo escrito por Virginia Rodrigues

Artigo baseado no texto:
“New technology for old age”

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