Espaços urbanos democráticos

Tive a oportunidade de participar do I Simpósio Internacional de Tecnologia Assistiva do CNRTA, que aconteceu no CTI Renato Archer em Campinas, de 3 a 5 de junho de 2014.

Realmente, foram momentos de intenso aprendizado e a certeza de que temos muito a fazer.
Todos nós sabemos que nossas cidades não são acessíveis, pois em algum momento já vivenciamos alguma dificuldade. Seja ao percorrer calçadas cheias de buracos ou ter que caminhar na rua, em função de obstáculos ou falta de calçada; ao empurrar o carrinho de nossas crianças pelos parques da cidade ou acompanhar nossas avós a uma consulta médica, onde o consultório fica no andar superior servido apenas por escadas.

Até o momento, estamos falando das dificuldades vividas apenas pelos "andantes" em locais comuns da cidade. Se considerarmos cadeirantes ou deficientes visuais, teremos questões ainda mais dramáticas de locomoção.

Durante o seminário fomos apresentados às questões de acessibilidade de forma ampla e abrangente por todos os palestrantes. Seja na apresentação de estudos e pesquisas ou diante das experiências de vida que os deficientes nos mostraram, o aprendizado foi intenso. Algumas considerações da Prof. Regina Cohen (UFRJ) me marcaram bastante e gostaria de dividir com vocês.

Observe a figura abaixo:

Quem é o responsável pela vitória?
- a deficiência?
- o preparo físico do competidor?
- a inclinação da rampa?


Alguém se habilita a responder qual a resposta correta?

Agora, vejamos a imagem a seguir:

Quem é o responsável pela derrota?
- a deficiência?
- o preparo físico do competidor?
- a inclinação da rampa?


O ângulo de visão modifica a resposta?

Acredito que nós não estamos sendo capazes de reconhecer as falhas do espaço urbano.
Escrevo este post para convidá-los a refletir sobre a democracia dos nossos espaços das nossas cidades, bairros, parques, museus assim como, dos prédios comerciais, industriais e também de nossas residências.

Será que nossas casas estão preparadas para nos receber com uma perna quebrada?


A Prof Regina Cohen nos leva a repensar, com muita propriedade, sobre a responsabilidade nas decisões de projeto.

A palestrante fechou sua apresentação com um relato vivido por ela mesma. Convidada a visitar um museu em sua cidade, se deparou com a situação de um prédio tombado pelo Patrimônio Histórico em que a rampa de acesso era na lateral do prédio, já que não é permitido fazer alterações em suas escadarias. Na condição de cadeirante, ela não teve a oportunidade de entrar pela porta da frente do referido museu.

Teoricamente, a legislação foi atendida, mas...

Boa reflexão!





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